Ainda sinto muita emoção toda vez que lembro do dia 08-08-2013. Nunca esquecerei esse dia, pois ele, seguramente, foi o mais importante da minha vida!
Era 1h e 29min da madrugada quando minha bolsa estourou e eu tranquilamente acordei meu marido. Nesse momento, eu ainda não sentira nenhuma contração, pedi para que ele ligasse para a minha mãe e minha sogra enquanto eu iria tomar um banho.
Durante toda a minha gravidez eu não tinha absolutamente nenhuma dúvida sobre o meu parto... Eu desejava muito um parto humanizado e, desde o pré-natal, preparei-me para ele. Conversei com Théo, que foi meu professor de obstetrícia na faculdade e me deixou eternamente encantada pela disciplina, ele topou fazer meu parto.
Chegamos na maternidade por volta das 3hs, fui examinada por um colega enfermeiro. Sua presença me deixou mais tranquila, com a sensação de que dali em diante eu estaria amparada e bem assistida. Eu estava apenas com 1cm de dilatação.
Às 6 horas da manhã colocaram o 1ª comprimido de misoprostol para indução do trabalho de parto, e eu sentira apenas algumas cólicas bem fracas... Comecei a ligar para Théo e ele não atendia, então eu fiquei um pouco angustiada, mas no fundo sabia que ele retornaria ao ver minhas ligações. Às 8 horas ele retornou minha ligação, disse-me que iria fazer uma prova e que quando acabasse iria direto para a maternidade. Isso me deixou imensamente tranquila.
Por volta de12h, Théo chegou e já estava na hora de colocar o 2º comprimido de misoprostol, então ele aproveitou para me examinar. Eu estava com 3cm de dilatação, o que significava que ainda ia demorar um pouco.Nesse período Thiago (meu marido) ficou me acompanhando. Me surpreendi com Thiago, ele estava muito tranquilo e isso me ajudou bastante. Aos poucos as contrações começaram a ficar muito mais próximas umas das outras e um bocado mais dolorosas. A cada contração Thiago fazia massagens nas minhas costas... Ah e como isso era maravilhoso, aliviava muito as dores. Embora
estivessem suportáveis eu estava começando a ficar ansiosa e agitada. Ia para debaixo do chuveiro, ia para cama, caminhava pelo corredor de mãos dadas com o marido, ia para bola, fazia agachamento, pedia massagens nas costas e voltava para cama, mas, em nenhum momento fiquei com medo.
Às 15hs 30min finalmente Théo e minha mãe voltaram, nessa hora, já não sei dizer o quanto ou como doía, parecia que eu estava concentrada em algo que me tirava do mundo, em uma espécie de transe, tentava cochilar mas não conseguia... e a cada contração sentia uma vontade enorme de gritar.
Fomos para a outra sala, lá tinha a piscina, a banqueta de parto...
Fiquei um bom tempo na piscina, a água estava bem morninha, o que foi ótimo, pois relaxou bastante a musculatura. Tinha também incensos e o cd com músicas que eu havia preparado tocava. Eu realmente estava me sentindo especial. Ao ser examinada novamente por Théo, ouvi algo como "está com nove centímetros de dilatação, ela já está bem encaixada e só com um restinho de colo". Pensei estar sonhando quase não me contive de alegria. Embora a dor fosse intensa, ele ficava lembrando que eu precisava respirar profundamente e que pensasse na minha filha... e isso me deixava mais segura. Em poucas horas a nossa Maria clara estaria enfim em nossos braços.
Nesse momento não estava mais me sentindo bem em ficar na piscina, sei lá estava achando a água suja, então pedi para ficar na banqueta, onde eu ficava numa posição sentada e minha mãe e meu marido ficavam revesando o apoio por trás, me dando uma incrível sensação de amparo, acalento e conforto.
Logo depois veio a vontade de fazer força, muita força e eu só seguia os meus instintos... Durante toda a gravidez eu pensei que iria conseguir ficar quietinha na hora do parto, tinha a sensação que gritar na hora do parto era feio, mas sentia que quanto mais gritava, mas isso ajudava minha bebe nascer. E eu posso garantir que, pudores a parte , eu gritei com muita vontade.Também lembro que bebi muita, muita, muita água, a cada intervalo entre uma contração e outra pedia um copo com água.
Não tenho a menor ideia de quanto tempo durou o meu período expulsivo, acho que foi em torno de 1 h. Fazia força, achava que as coisas não estavam progredindo, mas sempre ouvindo palavras de incentivo que foram essenciais nesse momento. Théo repetia que estava quase lá, que tudo estava perfeito, que Maria Clara estava descendo. Numa determinada contração senti o bebê passando pela vagina e percebi que tinha chegado a hora de sair. Fiquei super animada e fiz o dobro de força. Na próxima, o dobro e mais um pouco, até que dei um grito, como um bicho!!! Não lembro como, mas senti o bebê chegando, a cabeça me queimando e logo o resto do corpinho, senti um alívio enorme.
"Nasceu!!! Nasceu a Maria Clara!!!" disse minha mãe, super emocionada. E aí foi um chororó só! Era um misto de alivio, alegria e emoção. Ela veio direto para os meus braços. Que sensação tão mágica segurar aquele bebezinho. Ainda lembro do rostinho dela pertinho do meu e daquela mãozinha tão frágil que segurou forte no meu dedo.O cordão foi cortado pelo pai, somente após parar de pulsar.
Ela estava em paz. Tudo estava em paz. Esse é o milagre da vida. Que sensação tão perfeita. Estava realizada, tudo tinha acontecido como esperava e sonhava. A sensação era de vitória, de batalha vencida. Batalha mesmo, contra padrões estabelecidos que eu quebrei, de fazer diferente de todas as pessoas. Fiz do meu jeito e hoje me sinto mais forte, mais mulher, e, certamente mais feliz!!!
Maria Clara nasceu às 18h20 do dia 08/08/2013 com 48 cm e 2950 g.
Maria Isabel - Mãe de Maria Clara



